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Café Literário: Bate-papo com Verônica Stigger

Café Literário: Ouvindo e aprendendo por meio da experiência da escritora, Verônica Stigger.

Enquanto o Café Literário não acontece, preparamos um bate-papo super interessante para você conhecer um pouco mais do que pensa a escritora.
Confira:

 

– Você é jornalista, professora, crítica de arte e escritora. Como concilia todas essas atuações?

Formei-me em Jornalismo em Porto Alegre, onde trabalhei em rádio e em jornal (também trabalhei em televisão em Florianópolis), mas já faz mais de 20 anos que larguei as redações. Vim para São Paulo para fazer o doutorado em Teoria e Crítica da Arte e nunca mais saí daqui. Desde então, concilio várias atividades: professora, escritora, crítica de arte, curadora independente. É meio inevitável que uma atividade se mescle à outra, até porque são afins, diria até irmãs. Faço questão de fomentar uma promiscuidade entre as disciplinas com as quais lido diariamente. Por isso, minhas pesquisas em artes visuais acabam inevitavelmente repercutindo no meu trabalho literário e vice-versa.

– As suas personagens surgem de que maneira?

Em geral, surgem da observação. Interesso-me por tudo o que está à minha volta. E não é raro fazer migrar para a literatura cenas e personagens que vi na rua. Por exemplo, a passagem das crianças brincando num tonel cheio de água, no navio de Opisanie świata, veio de um encontro casual, numa tarde muito quente, em Montevidéu. Quando eu e meu marido dobramos uma esquina, numa rua pouquíssimo movimentada, perto do porto, vimos quatro crianças se divertindo dentro de uma minúscula piscina improvisada. Elas, de dentro da água, chamavam uma vira-lata, que se chamava Margarida (sim, roubei o nome da cachorra deles para meu livro), para que ela viesse brincar com eles. Não queria me esquecer daquela alegria toda e acho que, por isso, acabo me apropriando do que encontro. O escritor é uma espécie de guardião da memória — sua e dos outros.

– Quais autores foram fundamentais para sua trajetória?

Vários e não só da literatura. Devo muito também a artistas plásticos e músicos. Dito isso, eis uma lista, não completa, daqueles cuja influência eu mesma percebo melhor: Jorge Luis Borges, Franz Kafka, Marcel Duchamp, Kurt Schwitters, Clarice Lispector, Paula Rego, Adília Lopes, Maria Martins, Claude Lévi-Strauss, Jane Austen, Flávio de Carvalho, Roberto Bolaño, Claude Débussy, Sófocles, João Gilberto, Caetano Veloso, Agatha Christie, Charlotte Brontë, Pablo Picasso, Samuel Beckett.

– Qual o último livro que você leu?

O último livro que li foi En regardant le sang des bêtes, de Muriel Pic, um belo ensaio sobre os abatedouros a partir do curta-metragem Le sang des bêtes, de Georges Franju, de 1949.

– Como você enxerga uma crise no mercado literário com o fechamento de livrarias consagradas?

Talvez o fechamento das grandes livrarias abra espaço para as pequenas, para aquelas de bairro, cujos donos conhecíamos e eram capazes de encontrar os livros impossíveis de que tanto precisávamos. Nessas livrarias, ficávamos um bom tempo conversando sobre livros e sobre tudo mais antes de irmos embora. Essas pequenas livrarias foram esmagadas pelas grandes redes.

– O que você diria para os aspirantes a escritor?

Leiam muito. Não acredito em escritor que não seja, antes de mais nada, um grande leitor. E ler significa prestar atenção a como o texto se monta, como se estrutura, como se desenvolve, de que modo o autor conduz os personagens, qual o ponto de vista escolhido e o porquê desta escolha etc.

– Em quais projetos você está trabalhando?

Sempre estou trabalhando em mais de um projeto. Atualmente, são três que me ocupam: um romance, chamado O Satanista; um livro ainda sem título, reunindo textos que oscilam entre a ficção, o depoimento pessoal e o ensaio; e um outro livro sobre a Indonésia, que será, na verdade, um livro sobre vulcões e terremotos e que se chamará Mont Agung.

Curtiu o bate-papo? Então inscreva-se para o Café Literário com Verônica Stigger aqui.

Fonte: Núcleo de Comunicação AASP

 

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