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Saudoso adeus para Ada Pellegrini Grinover

Professora titular da Universidade de São Paulo e assídua palestrante na AASP, Ada Grinover faleceu na noite desta quinta-feira (13/7).

O dia 14 de julho de 2017 trouxe a triste notícia do falecimento da professora Ada Pellegrini Grinover. Advogados, juristas, estudantes de Direito e todos os que puderam conviver com esta nobre pessoa, de coração singular, são unânimes ao falar que a sociedade perdeu hoje uma defensora da justiça.

Para a Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), o sentimento é de comoção entre diretores e colaboradores, que tiveram o prazer de conviver com a professora Ada Grinover. “A presença da professora Ada em diversas oportunidades, durante os cursos e palestras, trouxe mais do que amplo conhecimento processual; nos ensinou também valores humanos e uma visão do Direito sob o prisma do equilíbrio, com soluções alternativas para conflitos, da dedicação e da justiça”, destacou Marcelo von Adamek, presidente da AASP.

Com seu jeito simples, Ada Grinover foi parceira da Associação e, recentemente, mesmo com dificuldades de locomoção, integrou mesas de debates sobre Direito Processual e trouxe seus ensinamentos sobre o Código Civil brasileiro (legislação de cuja elaboração participou em 2002).

Ada Pellegrini Grinover

História

Nascida em Nápoles, em 16 de abril de 1933, na Itália, foi naturalizada brasileira em 1967. Seu pai, o advogado e economista Domenico Pellegrini Giampietro, foi ministro da Fazenda, entre 1943 e 1945, da República Social Italiana, chefiada por Benito Mussolini, e professor universitário na área de Direito Público.

Em 1951, imigrou com a família para o Brasil, estabelecendo-se na cidade de São Paulo, onde seu pai fundou o Banco Ítalo-Brasileiro. Estudou no Colégio Dante Alighieri e, em 1953, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo.

Durante a graduação, foi solicitadora jurídica, trabalhando na Sul América Terrestres, Marítimos e Acidentes. Recém-formada, foi sócia de Norma Noschese Zumsteg em escritório de advocacia. Foi procuradora-geral do Estado entre 1970 e 1992. Tornou-se doutora em Direito em 1970, na área de Direito Processual, sob a orientação do professor Luis Eulálio Bueno Vidigal, sendo a primeira pessoa a se doutorar em Direito pela Universidade de São Paulo.

Em 1973 defendeu tese de livre-docência e, em 1980, tornou-se professora-titular da área de Direito Penal na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em 1971, deu início à sua carreira docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na área de Direito Constitucional, tornando-se, no mesmo ano, professora da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na área de Direito Processual Penal.

Participou ativamente de comissões legislativas, tendo integrado, entre 1978 e 1983, a Comissão do Anteprojeto da Lei da Ação Civil Pública, juntamente com Kazuo Watanabe, Cândido Rangel Dinamarco e Waldemar de Oliveira Junior, e a comissão de juristas que elaborou o Código de Defesa do Consumidor.

Colaborou, igualmente, na elaboração da Lei de Pequenas Causas, bem como foi presidente da Comissão de Reforma do Código de Processo Penal, em 2000. Foi responsável pela criação da disciplina Tutela Jurisdicional dos Direitos Difusos na pós-graduação da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e da Faculdade de Direito de Vitória.

Atuou na Ordem dos Advogados do Brasil como conselheira federal e conselheira em São Paulo, tendo sido responsável pela criação da Escola Superior de Advocacia, em 2000, durante a gestão de Rubens Approbato.

É autora de inúmeras obras jurídicas e ficcionais, e membro da Academia Paulista de Letras. Lançou, juntamente com Cândido Rangel Dinamarco e Antonio Carlos Araujo Cintra, em 1970, a obra Teoria geral do processo, em sua 27ª edição, em 2012.

Foi presidente de honra do Instituto Brasileiro de Direito Processual, vice-presidente da International Association of Procedural Law e do Instituto Iberoamericano de Derecho Procesal. Recebeu, em 1998, o título de doutora honoris causa pela Universidade de Milão. Teve como linhas principais de pesquisa o Direito Processual e os meios alternativos de solução de controvérsias, sendo incentivadora da mediação e conciliação no Brasil.

Despedida

O corpo será velado hoje (14/7) na Funeral Home (R. São Carlos do Pinhal, 376), das 18 h às 22 h. Em 15/7, o velório segue das 9 h às 14 h, no mesmo local. O enterro será no Cemitério Horto da Paz (R. Horto da Paz, 191 – Itapecerica da Serra).

 

Fonte: Núcleo de Comunicação AASP

*Texto produzido com dados do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da FGV.

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